quarta-feira, 14 de maio de 2014

Encontro Mistral 2014 - um pouco do que vi e gostei

A Mistral é a maior importadora de vinhos do Brasil (acho que ainda o é), e seu bienal encontro, que está em sua sétima edição, ocorreu no Rio de Janeiro no último dia 08, no belo hotel Sofitel em Copacabana.

Ela possui em seu portfolio nomes de peso como Catena Zapata, Luis Pato, Domaine Faveiley, Pisano, Bollinger, entre outros.

Não preciso comentar que é praticamente impossível provar tudo que nos é oferecido, e que chegar lá sem uma programação prévia do que visitar pode te confundir um pouco.

Indo ao assunto, logo que cheguei rumei para o stand da Bodega Aleanna, estava ansioso em provar as criações de Alejandro Vigil (o grande responsável pela minha presença no encontro - obrigado, Ale!), enólogo chefe da Catena Zapata. A Bodega Aleanna é o seu projeto pessoal em conjunto com Adriana Catena, filha do famoso Nicolás Catena, que dispensa apresentações.

Da sua linha El Enemigo estavam lá:


  • Chardonnay (já havia gostado muito do Chardonnay Catena, também feito por ele). Esse aqui é simplesmente o melhor que já bebi da Argentina, opinião compartilhada com o Jorge do blog Contando Vinhos. 

  • Syrah Viognier: muito fresco, fácil de beber, bem leve, outra proposta de Syrah. A Viognier na Argentina tem dado coisa boa, estou de olho nela.
  • Bonarda: chocolatão, emborrachado leve na boca, muito frescor e com caráter, conseguiu fazer um bonarda elegante e nunca enjoativo, também dos melhores vinhos com a cepa que já bebi. Um vinho para realmente dizer o potencial da Bonarda. 
  • Malbec também fresco e muito complexo, esse foi o primeiro vinho lançado da bodega, e de cara já arrematou diversos elogios dos pro(s). Um pouco diferente do estilo mendocino consagrado, e a meu ver melhor.
Todos os três com um toque rústico que muito me agrada.

O Gran Enemigo, seu ícone, é um capítulo à parte. Muito complexo, também muito fresco e aromático, é um vinhaço. Daqueles que te fazem lembrar porque você bebe vinho. Titio Parker (acho que o Neal Martin) já havia notado os vinhos do Alejandro, dando 94 ptos a essa edição 2008 com base Malbec, mas na última edição do WA o Alejandro conseguiu belas pontuações à safra 2010, para 3 dos seus vinhos (e todos de Cabernet Franc, minha uva preferida):


Eu e Alejandro:



De quebra, com o stand da Catena ao lado, provei dois vinhaços ícones deles:


O Nicolás Catena Zapata é um vinho potente, quente, taninoso, para quem gosta do estilo. Muita coisa no nariz, boca carnuda e densa, ainda aguenta tempo em garrafa, gostei bastante. Um vinho para poucos.

O Catena Zapata Adrianna Vineyard Malbec Gualtallary é uma visão muito elegante e frutada do Malbec, uma coisa muito bem feita e um vinho delicioso. Daqueles que a garrafa acaba rápido.

Outro stand que visitei do novo mundo, o qual me surpreendeu bastante foi o da Pisano. Tida como a melhor vinícola do Uruguai por muitos, pude conhecer o enólogo e diretor Gustavo, que me recebeu com muita simpatia e ficamos conversando por muito tempo. Seu filho é meu xará!


Provei o Cisplatino Torrontés (sim, eles plantam Torrontés no Uruguai!), bem fresco e fácil, e seu irmão mais velho, o Río de los Pájaros Reserve Torrontés, simplesmente o melhor Torrontés que já bebi (se você pesquisar aqui no blog, verá que nesse ano bebi vários).


Da famosa linha RPF, provei o Chardonnay, e depois o Petit Verdot e o Tannat.



O Petit Verdot é um vinho tânico e com certa potência, um belo vinho. O Tannat também segue na linha, mais mineral porém. Gostei muito dos dois.


O Pisano Axis Mundi 2002 passa 30 (!!!) meses em barricas e mais dois anos em garrafa. É um vinho amadeirado mas incrivelmente integrado, muito persistente, com boa acidez, taninos presentes, aromas de evolução muito agradáveis combinados com traços mais adocicados, realmente uma experiência interessante e que me agradou muito.

O Arretxea é uma pequena produção de um blend de Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat, e que resultou num vinho complexo e delicioso, outro que me conquistou.

Pra finalizar, provei o vinho tinto fortificado Etxe Oneko Tannat, que é simplesmente dos melhores que já bebi. Sinceramente entre ele e um porto para a sobremesa, que me desculpem meus ancestrais mas prefiro esse! A foto fico devendo. Ganha fácil de muitos Amarones também.

Vale ressaltar também que eles fazem um espumante de Tannat (!!!), que infelizmente não havia para ser degustado. Realmente a Pisano se fez um local a ser visitado quando no Uruguai.


Pude degustar também alguns vinhos da Domaine Faiveley, famoso produtor da Borgonha que é considerado uma das maiores fontes de vinhos de alta qualidade da região, e que é o maior proprietário de vinhedos finos da Borgonha, incluindo boas parcelas de Grand Crus e Premier Crus, engarrafados artesanalmente e sem filtração.

Provei o Nuits-Saint-Georges (excelente), o Gevrey-Chambertin (muito bom mas preferi o estilo do Nuits-Saint-Georges) e o Clos des Cortons, que não gostei muito. Esse vinho na safra 2009 ganhou mais pontos do ST que o Domaine de la Romanée Conti.


Na Bollinger pude provar a linha Ayala de entrada, bem frescos e com ótima qualidade, infelizmente chegam por aqui inflacionados (temos coisa melhor por aqui), e os famosos Bollinger, bem diferentes dos onipresentes Moët & Chandon e Veuve Clicquot, que o brasileiro acaba pagando caro sem necessidade.

Tive a honra de degustar também o Millesimé 2002, mas que infelizmente teve problemas com a rolha e não estava em todo o seu esplendor, embora ainda assim seja algo notável.


Por fim coloco aqui a foto do Chryseia, famosíssimo vinho do Douro que se mostrou extremamente elegante e ao mesmo tempo bastante expressivo, um belo vinho mas que sinceramente não sei porque alcança valores altos por garrafa. Uma pena.

No mais, o evento é muito bem organizado, bem servido inclusive de pães e queijos, não há acotovelamento nos stands e o fato de você falar direto com o produtor e muitas vezes proprietário torna-o único e melhor que todos os outros do gênero. Parabéns à Mistral e a todos os expositores que lá estiveram, mas fica aqui a dica: fazer em dois dias no Rio de Janeiro também, assim a gente tem tempo de visitar tudo (ou quase tudo)!

4 comentários:

  1. Os vinhos de Aleanna são muito bons e também Catena. Varreu o recente pontuações Parker, que fala da boa mão de Alejandro Vigil.

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    1. Sim, a Aleanna (El Enemigo) fez bonito, em conjunto com os já referências Catena Adrianna Vineyard.

      Abraços!

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  2. Felipe,

    Concordo com suas afirmações sobre o evento. Tenho que tomar vergonha e escrever as minhas!

    Abraço,
    Jorge

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    1. Corri pra escrever para não esquecer e/ou perder minhas anotações... Um belo evento, tinha que ser dois dias no Rio também.

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